Transporte coletivo

Do ônibus para o hospital, de novo

Em pouco mais de um mês, novo episódio no mesmo quebra-molas da avenida Duque de Caxias, no Fragata, provoca lesão na coluna vertebral de usuária

Parece repetição da cena de final de março, mas não é. Passado pouco mais de um mês, uma nova usuária do transporte coletivo - agora de Pelotas - teve o deslocamento de casa para o trabalho transformado em grave lesão na coluna vertebral. O motivo? Exatamente o mesmo. Um solavanco no quebra-molas instalado próximo ao Banrisul, na avenida Duque de Caxias, no bairro Fragata, acabou em internação hospitalar. Ao que tudo indica, o caso também irá requerer cirurgia.

Era véspera de feriado, 30 de abril. No relógio: 6h45min. Linha: Frontino Vieira-Pelotense. A trabalhadora de Serviços Gerais, Michele Soares Teixeira, 39, conversava com uma conhecida, em um dos bancos do fundo do ônibus, quando ouviu o estouro e sentiu o impacto. Após saltar, a passageira bateu com as costas em apoio metálico para o braço.

"Todo mundo começou a gritar, mas eu não conseguia nem falar. Me deu um suador, uma ânsia de vômito. A dor na lombar era muito forte", conta. Como o destino de Michele era o hospital Beneficência Portuguesa, onde trabalha, o melhor era seguir caminho. Lá poderia ser avaliada - pensou. Após passar por exame de raio-X, a confirmação: havia trincado uma das vértebras. Iniciava, portanto, o rito do Sistema Único de Saúde (SUS): foi para o Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) para aguardar leito hospitalar.

Nesta segunda (7) pela manhã ao conversar com o Diário Popular, na Santa Casa de Misericórdia, onde está internada, a usuária manifestou preocupação com o tratamento que tem pela frente e lamentou o silêncio tanto do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP) quanto do Poder Público. "Um fiscal falou comigo apenas no dia do acidente e nunca mais ninguém apareceu", afirma. E admite: torce para o episódio não alterar os planos de dar início ao curso de Técnico em Enfermagem; um dos grandes sonhos.

Processo de recuperação segue
A jovem Jéssica Mailand, 24, ainda não sabe quando poderá retomar a rotina. Em final de junho, a consultora de vendas passará por nova avaliação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para verificar se já estará em condições de retornar ao trabalho.

Ao receber o Diário Popular em casa, no Jardim América, no Capão do Leão, Jéssica destacou a recuperação rápida, depois do susto de ter precisado colocar seis parafusos - e não dois, como o previsto - para restabelecer a fratura na primeira vértebra da lombar. "Sinto reflexos na minha perna esquerda, mas hoje sei que quanto mais eu caminhar, melhor", conta. E não esconde o receio de voltar a circular de ônibus, após o episódio de 23 de março, quando o veículo da empresa Santa Silvana saltou o quebra-molas - que teria sido instalado naquela manhã.

"Pelo menos, vou tentar sentar mais pra frente", ensina.

Dores intensas
A doméstica Loreci de Ávila Machado, 55, resume os efeitos daquela sexta-feira, 23 de março: "Tenho dores 24 horas por dia". Para controlar o desconforto, a moradora do Jardim América faz uso de medicação controlada e repouso absoluto. Nesta terça-feira à tarde, passará por consulta com neurologista para conhecer os novos passos do tratamento da fratura em uma das vértebras da lombar.

"A gente se sente descartável", enfatiza em desabafo pela falta de suporte oferecido pela empresa ou o Poder Público.

O que eles disseram

- A palavra do secretário de Transporte e Trânsito de Pelotas: Flávio Al-Alam recorre a números para tentar demonstrar o quanto os episódios não seriam rotineiros, já que a avenida Duque de Caxias contaria - só através do sistema de transporte coletivo urbano de Pelotas - com cerca de 560 viagens distribuídas em 80 horários diariamente. "É preocupante, mas tratamos essas situações como acidentes".

O secretário garantiu que irá alertar o Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), mas argumentou que os novos quebra-molas da Duque, no bairro Fragata, teriam sido construídos dentro de medidas impostas por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A sinalização também teria seguido padrões adotados em outras avenidas de Pelotas. A placa, entretanto, está praticamente em cima do quebra-molas e o aviso se refere à faixa de segurança para pedestres.

- A posição do Consórcio do Transporte Coletivo: Ao conversar com o DP, no final da tarde, o secretário executivo do CTCP, Enoc Guimarães, ainda não tinha conhecimento do caso. O advogado pediu prazo de meia hora para se manifestar, mas não apresentou esclarecimentos ao DP. Guimarães chegou a mencionar que problemas de sinalização estariam por trás de casos registrados em diferentes pontos da cidade: "Não é a primeira vez. Em algumas situações já ocorreram quedas graves", afirmou, sem detalhar datas, linhas e trechos.

 

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